O que acontece se eu não gostar do psicólogo?

PSICOLOGIA

Marcelo Paixão

7/24/20252 min read

Essa pergunta é mais comum do que parece — e mais importante do que muitos imaginam.

Escolher um psicólogo é uma decisão delicada. E embora a formação técnica, a experiência e o método sejam fundamentais, existe um elemento que nenhuma especialização pode garantir: conexão. Às vezes, por mais competente que o profissional seja, você simplesmente não se sente à vontade. E isso precisa ser levado a sério.

A relação terapêutica é o alicerce do processo. Sem vínculo, não há transformação.

Não se trata de “gostar” no sentido social da palavra. Você não precisa achar o psicólogo simpático ou ter afinidades pessoais com ele. Mas precisa sentir segurança. Precisa sentir que é ouvido de verdade. Que é respeitado. Que existe ali um espaço ético, humano e protegido. Se você entra na sessão com receio de se expor, se sente julgado, invisível ou desconfortável — algo precisa ser ajustado. Porque a terapia só funciona quando existe confiança.

E se isso não acontecer, o que fazer? Conversar. Com honestidade.

Nem sempre o desconforto significa que a relação não tem potencial. Às vezes, é só medo de se abrir. Outras vezes, são projeções inconscientes, que fazem parte do próprio processo. Um bom psicólogo está preparado para acolher essa conversa e ajudar a explorar esse sentimento — sem levar para o lado pessoal. Mas, se mesmo após esse diálogo algo seguir travado, tudo bem. Você tem o direito de encerrar o processo e buscar outro profissional. Isso não é fracasso. É cuidado. É maturidade emocional. Terapia não é obrigação — é escolha. E precisa fazer sentido para você.

Trocar de psicólogo não significa que o processo anterior foi inútil. Pelo contrário.

Pode ter sido justamente esse primeiro contato que te ajudou a perceber o que você precisa — e o que não quer mais repetir. O processo terapêutico é, acima de tudo, um espaço de autoconhecimento. E saber que algo não serve mais já é um grande passo. Insistir em um vínculo que não flui pode gerar ainda mais resistência. Você começa a “fazer de conta” que está em processo, quando na verdade está apenas evitando o conflito — inclusive o interno. E isso, com o tempo, mina a potência da terapia.

Seu sofrimento merece ser cuidado com seriedade. E você merece um espaço onde se sinta visto, escutado e respeitado.

Se você já tentou, mas não se sentiu acolhido, não desista da terapia. Tente de novo. Com outra pessoa. Com outro ritmo. Com outro olhar. Às vezes, o que transforma não é a técnica em si, mas o encontro humano certo. No tempo certo.

Se quiser conversar sobre isso com quem entende — e respeita profundamente esse processo — estou por aqui.