O psicólogo receita medicamentos?

PSICOLOGIA

Marcelo Paixão

7/24/20252 min read

Essa é uma dúvida muito comum — e completamente legítima. Muitas pessoas ainda confundem as funções de psicólogos e psiquiatras, especialmente quando estão iniciando um processo de cuidado com a saúde mental.

A resposta é simples e direta: não, psicólogos não prescrevem medicamentos.

A prescrição medicamentosa é uma atribuição médica. Apenas profissionais com formação em Medicina, com CRM ativo, têm autorização legal para receitar fármacos. No campo da saúde mental, esse profissional é o psiquiatra.

E qual é, então, o papel do psicólogo no tratamento?

O psicólogo trabalha com escuta qualificada, avaliação clínica e intervenções terapêuticas fundamentadas em ciência. Ele não atua sobre o corpo com substâncias químicas, mas sobre a mente com técnicas cognitivas, comportamentais e emocionais. É por meio da conversa estruturada, da análise profunda e da construção de estratégias de enfrentamento que o psicólogo promove mudança real — na forma de pensar, sentir e agir. A terapia transforma padrões, regula emoções e resgata a capacidade de decisão consciente.

Mas e quando o sofrimento é muito intenso? A medicação não é necessária?

Em alguns casos, sim. Há quadros em que o sofrimento psíquico atinge um nível em que o organismo precisa de suporte químico: crises intensas de ansiedade, insônia grave, depressões profundas, transtornos de humor, entre outros.

Nessas situações, o psicólogo pode — e deve — encaminhar o paciente a um psiquiatra de confiança. O tratamento pode (e muitas vezes deve) ser multiprofissional: o psiquiatra cuida da regulação química, e o psicólogo atua no campo cognitivo e emocional. Trabalhar juntos, de forma ética e integrada, é o que garante segurança e resultados mais eficazes.

Mas há um ponto crucial que precisa ser dito com clareza: quando tratamos apenas os sintomas físicos, sem olhar para as causas psicológicas, criamos um alívio superficial — e temporário.

A mente humana é capaz de somatizar. Ou seja, conflitos emocionais não elaborados podem se manifestar fisicamente: dores, cansaço extremo, taquicardia, problemas gástricos, tensão muscular, enxaquecas, falta de ar. Os sintomas aparecem no corpo porque não estão sendo compreendidos na psique. Se a pessoa é medicada sem que a causa emocional seja investigada, o risco é silenciar o sintoma e perpetuar o problema. O sofrimento continua existindo, apenas mais silencioso — ou deslocado para outro lugar. É como pintar uma parede com infiltração: pode parecer resolvido por fora, mas por dentro a estrutura segue comprometida.

Medicação não substitui terapia. E terapia não substitui medicação. São abordagens complementares — quando bem indicadas.

Há quem precise dos dois. Há quem precise só de um. O importante é não reduzir a saúde mental a uma escolha entre “remédio ou conversa”. O cuidado emocional é mais complexo que isso — e por isso, precisa ser conduzido com seriedade, ética e escuta qualificada. Se você está em dúvida sobre o que precisa no momento, converse com um psicólogo. Ele pode te orientar, escutar sem pressa e, se necessário, te encaminhar com responsabilidade para o suporte médico adequado.

E se for comigo, estarei aqui para isso — com método, respeito e presença.